sexta-feira, 31 de julho de 2009

Carta 1

Évora, 10 de Junho de 18…


Querido e amável sobrinho,

Como está o teu doce, mas amargurado coração? Como estão todas as pessoas que amamos e por quem nos preocupamos? Como está a tia Júlia, a tia Margarida, e o meu amado sobrinho Rodrigo?

Espero que estejam todos bem; que saibam todos como ultrapassar esta dura situação, este momento tão difícil… A perda de um parente é sempre triste, mas pior ainda se as pessoas que se perderam foram os pais…
Mas Rafael, não te preocupes; afinal de contas, a morte não é algo mau, senão, não seria natural, não aconteceria a todos os mortais.
Eu e a Margarida também perdemos uma irmã; e a tia Júlia perdeu o seu único sobrinho, a única pessoa que ela tinha no mundo alem de vocês, os seus sobrinhos-netos.

E o meu pequenote? Não consigo imaginar como deve estar a ser complicado para ele ultrapassar semelhante perda; deve ser muito confuso para ele, e por isso mesmo, Rafael, tens de o ajudar. Não te esqueças que essa é a tua obrigação como irmão mais velho. E alem do mais, ele também te pode ajudar… sei que ele é demasiado novo, mas sabes o quão inteligente ele é… e não deves ter vergonha de mostrar os teus senti-mentos. Eu conheço-te, meu bom rapaz; conheço-te desde que nasceste.
Crescemos juntos, um ao lado do outro; brincavamos juntos; confiávamos um no outro; tínhamos uma união, e espero sinceramente que essa esfera de amizade nunca se perca…
Pensa em tudo o que te disse, meu querido, e não tenhas medo de te expor, pois não há mal nenhum em que as pessoas saibam que tu também choras; todos nós temos sentimentos, e é natural que às vezes estejam à flor da pele.

Amigo do coração, não é necessário que se preocupem comigo; trabalho tanto, que mal tenho tempo para pensar nos meus problemas; só penso em vocês, e na vossa saúde.

Que estejam todos em paz e com Deus.

Beijos e muito carinho da
Tia Susana, que muito
Vos ama.

P.S.: Não te demores muito a responder, meu querido, pois anseio ter notícias vossas.

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